Confira nota oficial da entidade
Diante do Projeto de Lei do Senado (PLS) 782/2015, de autoria do
senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que institui a cobrança de anuidade
nas universidades públicas, a União Nacional dos Estudantes se posiciona
publicamente em favor da educação como um direito de todos,
independente do nível de renda.
Segundo nota oficial, ”a justificativa de que essa é uma lei que visa
democratizar a universidade é falsa, tendo em vista que a desigualdade
de oportunidades no acesso não será alterada, restando apenas à uma
taxação da maioria dos estudantes das universidades públicas que ainda
fazem parte de grupos sociais mais favorecidos economicamente”.
Confira na íntegra:
EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA E GRATUITA, CONTRA O PLS 782/2015
Mais uma vez nos defrontamos com uma medida superficial pra resolução
de problemas complexos. Depois da PEC 395/2015 que ainda tramita no
Congresso e que propõe a retirada da obrigatoriedade da gratuidade de
cursos lato sensu da Pós-Graduação, mestrado profissional,
extensão e etc., surge agora um Projeto apresentado pelo Senador Marcelo
Crivella que propõe o pagamento de anuidade na universidade pública por
estudantes com renda familiar acima de 30 salários mínimos, mas sabemos
que nem sempre o caminho mais curto é o mais eficiente.
É claro que hoje precisamos de mais investimentos nas universidades
públicas brasileiras. Pois diferente de muitos países é onde se
concentram os maiores e mais qualificados polos de produção de
conhecimento, extensão e ensino do nosso país. Mas é evidente que
qualquer tipo de cobrança por um serviço fundamental da universidade,
que é a formação, e que é parte da sua própria essência, cria
precedentes perigosíssimos no que tange à uma alteração do caráter
público da universidade, abrindo espaço para uma discussão cada vez mais
intensa sobre sua privatização.
A justificativa de que essa é uma lei que visa democratizar a
universidade é falsa, tendo em vista que a desigualdade de oportunidades
no acesso não será alterada, restando apenas à uma taxação da maioria
dos estudantes das universidades públicas que ainda fazem parte de
grupos sociais mais favorecidos economicamente. Além disso essa é uma
lei que contradiz nossa própria Constituição, que segundo o item IV do
Artigo 206 rege que o ensino deve ser gratuito em todos estabelecimentos
oficiais de ensino.
Nós, da União Nacional dos Estudantes, que sempre lutamos pelo
caráter gratuito de nossas universidades públicas somos contra medidas
como essa, que inclusive estão na contra mão das conquistas que tivemos e
dos avanços que ainda precisamos em relação ao investimento nas
universidades, é necessário garantir os 10% do PIB, os royalties e o
fundo-social do Pré-Sal pra educação, além do cumprimento do Plano
Nacional de Educação sem que haja nenhum corte nessa área como foi feito
nos últimos anos. E reiteramos ainda que a democratização ao Ensino
Superior se dá através da ampliação de vagas da universidade, de
políticas como as Ações Afirmativas, a permanência e a Assistência
Estudantil, além de uma ampla reforma no Ensino Médio.
E no que tange às desigualdades de renda, acreditamos que a solução
não se dá na cobrança em estabelecimentos oficiais de serviços
essenciais que são dever do estado, como a Educação e a Saúde, mas do
Imposto de Renda progressivo e a taxação das grandes fortunas, tornando
mais justa a tributação como forma de arrecadação do estado.
Em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade!
Por uma Reforma Tributária justa!
União Nacional dos Estudantes
Fonte: Renata Bars/UNE